segunda-feira, 6 de abril de 2009

Não prestamos, mas nos amamos




Talvez não exista outra frase que melhor descreva o “amor” de Diego Rivera e Frida Kahlo. Marcado por relacionamentos extraconjugais, a vida destes dois têm muita história para contar. Afinal, o que os unia era a imensa admiração que um tinha para com o outro, além de enaltecerem lealdade, mas não fidelidade. Essa fidelidade que encobre com um véu a propriedade que o tão desejado amor moderno receita. Que adoece relacionamentos, traz uma relação patológica de neuroses, medo e inquietação constantes.

Olho para o lado dos que têm asas grandes demais. E, assim como alguns amigos pensam, MALDITOS os românticos que como sinônimo de amor elegeram o sofrer! Descobri estes dias que Borges se casou aos 68 anos, permaneceu casado por três e separou-se, afimando que foi um "equívoco". Não temos certeza dos relacionamentos de Borges por sua discrição, sabemos que casou-se novamente e morreu 54 dias depois.

Mas, voltando a Diego e Frida. Formavam um casal interessante, admirável e excêtrico, que revolucionaram e foram além da época em que viveram. Frida sofria de vários problemas físicos, e, como ela mesmo disse era pobre, com várias contas à pagar, bebia, falava palavrão e não podia ter filhos. Ainda sim, Diego ficou ao lado dela até os último dias de vida e afirmou que o pior dia da vida dele foi quando Frida morreu. Havia ali um admiração intensa e recíproca, nas palavras de Diego: Frida traz alegria para a vida de qualquer um. Frida era uma mulher de notável talento e traduzia poeticamente para tela todo o seu sofrimento. Assisti a um tempo atrás a peça Do Tempo e da Paixão - Fragmentos descontínuos de Frida Kahlo, onde se retrata de forma poética a morte e as relações humanas a partir da história de Frida. Muito bem encenado, minhas lágrimas que o digam.

Como um casal, o "amor" deles superou o tempo e o espaço, o sexo fácil que Diego conseguia e o bissexualismo de Frida. E isso não foi nada perto do que estes dois superaram e, também, não é algo para superar. Conviviam bem com isso. Afinal, queriam lealdade e não fidelidade. Não são o exemplo perfeito de casal para a grande maioria (uma pomba com um elefante) , mas, niguém pode negar, são revolucionários e admiráveis.

9 comentários:

  1. Lindo, lindo texto...digno de Frida. Frida é outra artista que, na minha concepção, somente as mulheres podem realmente entender. Existe uma dor ali, um "parto", que nós homens só podemos imaginar como é. Acho-a mais que fantástica. E pra completar deixo o link para um vídeo do Joaquin Sabina, Por el bulevar de los suenios rotos, que fala justamente sobre os dois:
    http://www.youtube.com/watch?v=Rg6O0IY0viM

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  2. Que lindo Joy....
    Sabe bem como também admiro este casal e o quanto chorei ao assistir o filme Frida.
    Fidelidade e lealdade são mesmo coisas bem diferentes.
    Beijo da amiga que te adora.
    Cláudia Cardoso

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  3. gostei imenso, também vi o filme!!

    abraços

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  4. Realmente a história de Frida e Diego é fenomenal!

    Obrigada pelos comentários!!!

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  5. Demais o texto! Lembro que vi o filme baseado na história dela, se não me engano era com a Penélope Cruz e o Alfred Molina, muito bom, mas já faz muito tempo mesmo. Add seu blog nos meus favoritos, e seu lastfm tbm! ^^

    Abraços,
    Wagner

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  6. O mais engraçado são as amigas que conheci que tentam viver Frida mas acabam caindo na banalização dos "limites" da lealdade x fidelidade.

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  7. O grande "problema" é que não se dá para "viver" Frida sem um "Diego", digamos nestes termos.. Afinal, Frida e Diego se completavam. A lealdade em ambos era algo tão inerente que foi o ponto de partida do relacionamento deles, não a fidelidade.. Idealizar a vida de Frida também é loucura. Uma mulher que sofreu, amou demais e viveu as consequências deste amor... Diego se propôs ficar ao lado de uma mulher que passou a vida inteira mais morimbunda do que saudável! Olhem bem, um não se via sozinho sem o outro! É mais do que o fadado amor moderno! Vejo neles algo até inocente... Viver Frida é estar disposta REALMENTE, antes de tudo, a sofrer, não idealizar o sofrimento, mas estar disposta a vivê-lo. E qual mulher está realmente disposta a isso? Todas querem um príncipe encantado, e não um Diego! Enfim..Nós idealizamos demais..Eternos heideggerianos..Isso o que somos!!

    E, mais uma vez, OBRIGADA pelos comentários!!

    Bisous!

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  8. Texto estupendido, parabéns Joy, amo a Frida ...

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